ConvençõesA visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva à Natal, na manhã de ontem, para assinatura de atos administrativos que terão impacto na economia do Rio Grande do Norte também pode acabar originando “ondas de choque” na campanha eleitoral e nas alianças que fracionam a base eleitoral do governo no estado. Na conversa particular entre Lula, o governador Iberê Ferreira de Souza – pré-candidato à releição – e a ex-governadora Wilma de Faria, pré-candidata ao Senado, no hotel Pestana, onde o presidente ficou hospedado, a aliança PMDB, PR e PV foi analisada e criticada pelos dois líderes locais como “um empecilho”. O presidente só ouviu.
Uma alternativa estaria sendo ensaiado por lideranças do PSB, e também rejeitado pelo PMDB e pelo PR, muito antes da visita de Lula. Mas, ontem, parece ter encontrado eco junto ao deputado federal João Maia (PR). À TRIBUNA DO NORTE, o deputado confirmou que a aliança foi objeto da conversa entre Lula, Wilma e Iberê e que uma nova fórmula está em análise: o PR oficializar uma coligação majoritária com o PSB, desfazendo o acordo com o PMDB e o PV. “Isso é o que eles (Wilma e Iberê) propõem, mas não sou eu que vou decidir”, assegurou o deputado. João Maia limitou-se a atestar, de maneira categórica, que fará “o possível para ajudar Iberê”.
A ex-governadora Wilma de Faria tem sido a mais enérgica no âmbito das articulações ao defender que seja consumado o ingresso do partido sob o comando do deputado federal João Maia na chapa majoritária de Iberê. O governador, no entanto, tem sido o freio nas discussões, já que teme a saída do deputado federal Henrique Alves do grupo. Ontem, Wilma de Faria chegou a pôr na mesa a necessidade de se agilizar a definição da questão. Há setores no bloco aliado de Iberê que consideram como certa a “adesão” do Partido da República na chapa pró-reeleição. Para este grupo, a preocupação limita-se ao PMDB, já que o PV, também parceiro na chapa proporcional formalizada junto ao PR e PMDB. tem lugar certo no palanque da senadora Rosalba Ciarlini (DEM), pré-candidata ao Governo.
Iberê e Wilma conversam com Lula
O presidente Luís Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem de manhã com o governador Iberê Ferreira e com a ex-governadora Wilma de Faria, no hotel Pestana, na Via Costeira, onde estava hospedado. O trio tratou, na ocasião, de questões políticas mas, sobretudo, administrativas. Lula chegou a telefonar para alguns ministros, entre eles, Guido Mantega, da Fazenda, para cobrar algumas pendências apresentadas pelo chefe do Executivo Estadual ao presidente Lula.
Na esfera política, o líder do PT ouviu os questionamentos apresentados por Iberê e Wilma, mas que a aliança entre PT e PMDB para a disputa à Presidência da República, em outubro, deve respeitar as divergências locais entre as duas legendas, como ocorre nos estados do Maranhão, Pará e Paraná. À imprensa, Lula afirmou que não está participando das discussões sobre a aliança dos dois partidos nos estados. Ele reforçou que o importante é manter a base de sustentação do governo unida em torno da pré-candidatura da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff.
Presidente faz apelo à continuidade
Ao discursar durante a solenidade de entrega dos 24 veículos destinados ao Serviço Móvel de Urgência (Samu/192) e de inauguração da primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Pajuçara, ontem, o presidente Luís Inácio Lula da Silva não mencionou o nome da sua pré-candidata à reeleição, a ex-ministra Dilma Roussef (PT), mas tratou de fazer um pedido à multidão que o ouvia: “Eu quero fazer um pedido a vocês. Não permitam que o processo eleitoral que vai chegar estrague o que está acontecendo no Brasil. Nós estamos em um momento excepcional do nosso país. Vamos manter isso”, pediu. O presidente afirmou ainda que, a depender de seu governo e de seu vontade, o Brasil continuará a atender o que chamou de avanços sociais, econômicos e políticos.
O presidente evitou ainda comparar a administração que comanda das anteriores, mas tratou de fazer um balanço das ações desenvolvidas nos últimos quase oito anos, desde que assumiu a presidência da República. Entre outras coisas, falou da geração de quase 2 milhões de novos empregos este ano no país; e da liberação de R$ 22 bilhões ano passado em empréstimos a agricultores por meio do Banco do Nordeste do Brasil.
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