13 junho, 2010

Serra faz enfático discurso de oposição

Salvador (AE) - Na sua intervenção pública mais contundente, o candidato tucano à Presidência da República, José Serra, fez neste sábado (12), na Convenção Nacional, em Salvador, um forte discurso de oposição no qual atacou o apadrinhamento, o aparelhamento do Estado e os políticos “neo-corruptos”. Os tucano desfiou um rosário de “verdades eternas”, tratadas como valores dele e de seu governo, se for eleito em outubro próximo

Sem falar explicitamente o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra comparou as suas “crenças” com as práticas de oito anos de PT no poder, disse que os chefes de governo não podem acreditar que personificam o Estado e, citando Luis XIV, acrescentou: “Nas democracias e no Brasil, não há lugar para luíses”.

Além da defesa do Estado de Direito e da crítica a quem “desdenha a democracia nas ações diárias”, Serra disse que o Brasil precisa se afastar de “três recordes internacionais”: uma das menores taxas de investimento público do mundo, a maior taxa de juros do mundo e a maior carga tributária de todo o mundo em desenvolvimento. O tucano repetiu a biografia apresentada na pré-convenção, em Brasília, em abril passado, falou do político de origem pobre e que estudou em escola pública, e concluiu: “Não comecei ontem, não caí de paraquedas” e, “comigo, o povo brasileiro não terá surpresas”.

Ao longo do discurso, Serra citou 13 vezes a palavra “acredito” para se diferenciar do governo Lula e do PT. Citou também 9 “necessidades e esperanças” que ele considera serem objetivos da “maioria dos brasileiros”.

Na lista das crenças, ao dizer que a democracia não pode ser adotada como um “instrumento tático”, o tucano acrescentou que esse é o regime e o caminho para melhorar a vida das pessoas. “Não é com o menosprezo ao Estado de Direito e às liberdades que vamos obter mais justiça social duradoura.”.

Ao tratar dos sindicatos que foram cooptados pelo governo Lula com a legalização das centrais e a farta distribuição do imposto sindical pago pelos trabalhadores, Serra criticou as “organizações pelegas sustentadas com dinheiro público” e defendeu a liberdade de imprensa e de organização social - que não devem, afirmou, ser “intimidades, pressionadas e patrulhadas pelos governos e partidos.”

Adversário. Ao criticar duramente o governo Lula, reforçando o papel de adversário da atual gestão petista, o tucano fez uma inflexão em relação à posição de cautela que vinha adotando em toda a fase de pré-campanha e durante os mais de três anos que comandou o Palácio dos Bandeirantes.

“Quem justifica deslizes morais dizendo que está fazendo o mesmo que os outros fizeram ou que foi levado a isso pelas circunstâncias deve merecer o repúdio da sociedade. São os neo corruptos”, declarou o candidato, em discurso de mais de 40 minutos para uma plateia de cerca de 5.000 pessoas, no Clube Espanhol, em Salvador.

Ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, ex-prefeito paulistano e ex-governador de São Paulo, Serra enfatizou a sua trajetória política. Essa é uma das estratégias do PSDB na eleição, a comparação de biografias. Sem citar a principal adversária, a candidata do PT, Dilma Rousseff, o tucano falou sobre falta de experiência política da petista que nunca disputou eleição. Foi quando disse a frase: “Não comecei ontem e não cai de para-quedas”.

Cinco mil pessoas vão à convenção

Salvador (AE) - Um público estimado em 5 mil pessoas

acompanhou, neste sábado, o início da convenção nacional do PSDB, que oficializou a candidatura de José Serra a presidente, realizada em Salvador, junto com a convenção estadual do DEM na Bahia, que tornou oficial a candidatura ao governo do ex-governador Paulo Souto, apoiado pelo PSDB.

Pessoas de todo o País reuniram-se na grande tenda montada à beira-mar, na sede do Clube Espanhol, para o evento. O empresário catarinense Nelson Castro, por exemplo, viajou à capital baiana apenas para a convenção tucana. “Não sou filiado ao partido, mas quis estar aqui por ser fã do Serra e do Aécio (Neves, ex-governador mineiro)”, afirma.

Nelson Castro, porém, era exceção. A maioria do público estava uniformizada com camisetas azuis e amarelas, nas quais se podia ler de onde vinham os grupos.

A frase “A juventude pernambucana pode mais”, estava escrita, por exemplo, na da recifense Paolla Mara Campos, de 22 anos. Junto com outras 150 pessoas, integrantes do partido, ela viajou de ônibus para estar na festa do PSDB. Grupos organizados do interior baiano também enviaram representantes.

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